Em 2021, é muito provável que você já tenha lido um tweet, seja de um formador de opinião, celebridade, notícias ou seu círculo de amigos. Mas a história do Twitter é curiosa, e representa muito bem a trajetória empreendedora. Ela começa com Evan Williams, fundador da plataforma Blogger, adquirida pelo Google em 2003. Numa segunda empreitada, recrutou um colega também da Google para desenvolver a Odeo. Se tratava de uma plataforma de comunicação nova à época, e atualmente carro-chefe de várias estratégias do setor de streaming, os podcasts.
A empresa não evoluiu como esperado, e o fim do projeto se deu quando a Apple anunciou em 2005 que incluiria podcasts na sua esfera de serviços streaming. Mas com um time experiente e de alta capacidade de execução, faltava encontrar uma boa ideia que seria a next big thing. Depois de alguns hackathons internos, o Twitter surgiu em meados de 2006, como uma rede social que usava da limitação de caracteres para atiçar a criatividade de seus usuários.
Com a popularização, sua adoção tornou-se um canal de comunicação importante e ágil, seja para empresas se relacionarem com clientes, meios de comunicação entregarem notícias e até mesmo figuras públicas terem um canal “independente” de comunicação com a população.
É possível dizer que o Twitter atingiu sua maturidade – em termos de crescimento de público – por volta do final de 2014, quando seu número de usuários desacelerou seu crescimento. Hoje, a plataforma parece buscar um posicionamento relacionado à notícias, se estabelecendo como o canal mais rápido para saber o que está acontecendo agora – seu slogan – e aproveitando todo o impulso que 2020 trouxe para esse posicionamento, ajudado pelo ex-presidente Donald Trump.
Uma última consideração antes de falarmos sobre seus resultados: não seria absurdo dizer que há um viés anti-conservador nas práticas e interpretações das políticas da empresa. Este assunto já levou seu CEO, Jack Dorsey, a responder aos questionamentos do Senado Norte Americano. Em nossa interpretação, um posicionamento político é prejudicial ao mercado da empresa e limita sua capacidade de efetivamente cumprir seu propósito. Não vamos entrar nas controversas histórias sobre seu CEO, porém basta dizer que ele também é CEO da Square, outra empresa de capital aberto listada na NYSE.
Fechando o ano de 2020, Twitter apresentou resultados consistentes, alinhados com os pares vendedores de publicidade online em 2020, superando as expectativas em seu resultado do trimestre, tanto em faturamento, como em lucratividade. O fechamento foi de US$1,29B de faturamento, 28% acima no YoY. O lucro foi de US$252M, com margem operacional de 20%.
Naturalmente, o engajamento em 2020 foi grande, especialmente pela dimensão dos eventos globais, em especial o conflito Estados Unidos e China, Covid e suas implicações. O número de usuários vem seguindo com fraco crescimento ao longo de 2020, passando de 166M Q1 para 192M no Q4, 21% YoY no Q4. Destaque para o crescimento no número de usuários internacionais (fora dos EUA) no segundo trimestre de 2020, possivelmente impulsionado pelos eventos globais do Covid.
Em sua apresentação de resultados, foi falado muito de novas features, especialmente nas tecnologias aplicadas que dispensem o uso de cookies (privacy issues) e o como contornar um possível conflito com a Apple, como no caso do Facebook. Nenhuma novidade foi anunciada sobre o modelo de negócios de assinatura, uma alternativa ao negócio de anúncios. Vale ressaltar que seu gasto proporcional ao faturamento em R&D aumentou 19,1%, passando de 19,7% em 2019 para 23,5% em 2020.
Sua eficiência comercial foi facilitada pelo contexto macroeconômico, onde seu custo em S&M proporcional caiu -10%, de 26,4% para 23,9%.
Em suma, o Twitter continua uma opção incerta de investimento em um player que busca tirar "mais suco da mesma laranja". Apresentou um resultado medíocre de crescimento para o que foi o ano de 2020 e o mesmo viés político anti-conservador no seu posicionamento – que parece estar acima dos seus interesses de retorno ao investidor.
F=ma
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