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  • Foto do escritorThiago Lobão

TV à cabo de guerra - ganhando dinheiro com ROKU e as ações FAST

Lá nos primórdios, num mundo antes da pandemia, lembro de ter comentado sobre a possibilidade de entrarmos em ROKU no Newton Tech Fund e ouvir de um analista recém-chegado: esse nome é de uma empresa? É chinês? Compete com Bilibili ou com Pinduoduo? Que nome engraçado (pra não dizer outra coisa)...


Brincadeiras à parte, ROKU é de fato um nome esquisito para uma empresa genuinamente americana, referência no setor de streaming - um negócio que, na prática, se transformou numa das principais apostas do futuro do entretenimento, nascido como uma spin-out bastarda do todo-poderoso Netflix.


Há 2 anos atrás, eram poucos os brasileiros que conheciam a solução de Streaming TV da ROKU – lembro de um amigo voltar de Orlando nos EUA e falar que tinha visto para comprar no BestBuy um dispositivo estranho, que mais parecia um “gato” da NET (aquele decoder paraguaio) repaginado.


Mas afinal, como uma companhia que produz uma versão streaming do aparelhinho da NET pode valer tanto?


A ROKU não foi exatamente a pioneira na disrupção que promove hoje, mas é reconhecidamente o player mais focado em escalar um novo modelo de negócio na indústria da mídia, atualmente conhecido como FAST: Free Ad-Suported Streaming TV.


Vou tentar explicar... Na prática, a empresa começou vendendo um pequeno aparelho que digitaliza a experiência de TVs mais antigas, possibilitando que se comportem como SmartTVs – é como se sua TV antiga pudesse rodar toda a maravilha do Streaming pagando um preço bem baixo pela compra de um aparelho muito simples, com um design bacana de controle, que muda a programação da sua TV da água pro vinho num piscar de olhos.


Nada que um decoder paraguaio de 2000 canais à disposição não possa fazer, certo? Errado!


O aparelhinho da ROKU (que hoje pode ser um Hardware ou simplesmente um sistema operacional já embarcado em sua SmartTV) é a porta de entrada para uma experiência multi-Streaming, com um sistema integrado para consulta, acesso e pagamento mútuo de SVoDs (Service Video on Demands).


Simplificando a experiência: num único sistema você acessa Netflix, Prime, Disney + e mais uma infinidade de outros catálogos de conteúdo, muitos deles gratuitos, num clique só e numa conta só para pagar – uma verdadeira disrupção no antigo modelo da TV a cabo, que ao invés de multicanais, passa a ser multi-catálogos.


O pulo do gato, no entanto, não está exatamente no usuário, mas sim numa nova forma de introduzir a propaganda dentro do Streaming. Propaganda no Netflix incomodaria? No ROKU, no visor entre canais e/ou em conteúdos gratuitos, ela é muito mais palatável pela audiência.


E por que isso é tão transformador? A resposta parece simples, até porque já foi respondida por outros grandes players. A mídia em ROKU está para a TV assim como a mídia social está para o Facebook, ou os anúncios de tráfego estão para o Google Ads. Trata-se de uma nova ferramenta para transformar a TV em mais uma tela de consumo de anúncios com ROI mensurável, otimização e segmentação com extrema inteligência para conversão. Uma nova avenida para o desesperado dinheiro da cadeia de mídia, que enfim pode medir resultados na TV da mesma forma que mede na Internet.


Um negócio que tem potencial de escala maior do que as SVoDs tradicionais (o Netflix que se cuide), mas que também chama a atenção de uma série de gigantes. A Amazon conta com o Fire, o Google, com o Chromecast e o Youtube TV, a Samsung, com o Tizen. Agora, porque aparentemente ROKU está na frente? Duas principais hipóteses: o foco extremo no modelo de negócio e uma experiência diferenciada de uso, tanto para anunciantes quanto para espectadores.


A ação teve um resultado cavalar na pandemia e, ao longo de 2021, teve altos e baixos, assim como outros papéis extremamente valorizados pelo contexto de distanciamento social. A empresa, no entanto, mantém uma curva de resultados vertiginosos, aumentando o seu faturamento médio por espectador em 46% ano sobre ano (ao alcançar a marca de U$36 de receita por usuário, número muito mais alto que a melhor média de faturamento do Netflix, na casa dos U$15, nos EUA e Canadá).


ROKU já começou a ter seus primeiros trimestres de resultados positivos pós-IPO e conta com um crescimento de receita e lucratividade únicos no setor de mídia (81% e 130% de crescimento ano a ano, respectivamente, numa empresa de faturamento anual alcançando a marca dos U$2 bilhões). E pasmem, esse crescimento é impulsionado ainda predominantemente pelo mercado americano – a empresa ainda está nos primeiros passos de sua internacionalização. Ainda há uma avenida enorme de crescimento adiante.


Mas o que pode fazer com que ROKU não seja um investimento tão atrativo? Dois pontos principais de atenção: Valuation e Competição. A empresa já conta com valor de mercado de U$47 bilhões (Netflix, por exemplo, vale U$250 bilhões, faturando mais do que 10x ROKUs).


Isso significa que o papel está caro? Obviamente não está tão barato quanto já foi, mas numa visão de alocação em longo prazo, os fundamentos de ROKU tendem a prevalecer numa decisão de investimento. E é aí que vale a pena entender a competição com muito carinho, especialmente quando falamos dos movimentos de competição do Google junto ao Youtube TV como um sistema operacional para SmartTVs. O mercado está cada vez mais acordado para as FASTs, com movimentos de players mais recentes como Vizio Watchfree, Tivo+, Pluto TV (Viacom), Tubi TV (FOX), Xumo (Comcast), dentre outros.


São dois lados da moeda. De um lado, uma competição que só fortalece o modelo FAST como tendência e que, naturalmente, empurra os players do setor para um movimento de desenvolvimento cada vez mais forte. Do outro, a dúvida se ROKU é o melhor cavalo FAST para se investir, visto que novas peças no tabuleiro podem assumir seu papel, e se valorizar muito com isso. No Newton Tech Fund, mantemos a ROKU no portfólio com atenção dobrada ao mercado, mas com a forte impressão de que, no final das contas, você vai acabar tendo um novo “gato” da NET, com uma versão mais moderna, instalado aí na sua casa. Bem-vindos de volta à nova-velha TV à cabo!


F=ma

 

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